Lançado após a trilogia de RPGs envolvendo mitologia, envolvendo também o arco da história de Layla nos tempos atuais, Assassins’s Creed Shadows chega até nós, situado em uma das épocas mais requisitadas pelos fãs da série, o Japão Feudal. Após diversos adiamentos feitos pela sua desenvolvedora francesa, Ubisoft, para entregar uma experiência mais polida, será que tais alterações fizeram bem a este título?
Assassin’s Creed Shadows é situado no Japão Feudal, mais precisamente no ano de 1579, final do século XVI e durante o período Azuchi-Momoyama (1573 até 1603). Tal período é conhecido por ter diversas guerras civis espalhadas pela terra do sol nascente, também como o contato dos japoneses com o povo europeu. Na época em que o jogo é retratado, é a qual Oda Nobunaga viveu, sendo um dos três grandes unificadores do Japão Feudal do período Sengoku (1477 até 1573).
Em Shadows, possuímos dois personagens jogáveis, Naoe, a ninja, porém viu o seu clã ser dizimado pela invasão de Nobunaga, e jurou vingança contra ele. E temos Yasuke, ex-escravo, e agora um samurai, sendo ele o braço direito de Nobunaga, fortemente leal ao seu Daimiô, um poderoso senhor de grandes terras. Porém, o caminho de Naoe e Yasuke acabam se cruzando por motivos maiores, e os dois acabam formando uma aliança contra um inimigo maior, o grupo Shinbakufu, do qual está trabalhando por baixo dos panos para manter um Japão em guerra e ter controle sobre o mesmo.
A história de todo jogo da série Assassin’s Creed é marcada pela briga de Assassinos e Templários, e aqui não seria muito diferente. Desta vez, em Shadows, os templários são representados pelo Shinbakufu, que são guerreiros que possuem uma forte influência nos seus locais de atuação, conseguindo alterar o curso de muita coisa ao bel prazer deles, para eles tenham o Japão em suas mãos.
A campanha do jogo dura cerca de 30 horas, e isso só caso o jogador foque em realizar as missões principais e secundárias que lhe são obrigados para conseguir avançar. As missões principais consistem mais em falar com certos NPCs, invadir fortalezas, obter informações e assassinar alvos. São pouquíssimas que se diferem um pouco e saem deste ciclo, e acaba assim, caindo numa repetição de objetivos que devem ser feitos dado a quantidade de membros que existe no grupo Shinbakufu.
Temos também as missões secundárias, e algumas delas são em torno dos nossos protagonistas, fazendo ligação com a história principal do jogo. Para Naoe, conhecemos mais sobre as raízes da sua família, do seu clã, tal como também conhecemos mais sobre os próprios Assassinos no Japão. E para Yasuke, conhecemos um pouco mais do seu passado e como ele foi parar com os portugueses católicos que estavam a caminho do Japão, conhecendo mais do seu propósito e o seu objetivo.
Algumas dessas outras missões secundárias envolvem outros grupos menores de inimigos, mas pouquíssimas tem ligação com os Shinbakufu ou com os protagonistas, fazendo com que tais missões só estejam ali mesmo para gerar mais horas de jogo.
E uma coisa que merece ser citada, é de que a história do presente foi reiniciada, sofrendo um reboot. Diferente de outros jogos onde existia uma interação com o personagem, aqui só temos algumas fendas do Animus, do qual se comunica com o usuário do Animus e diz o que está acontecendo no presente, dando um foco maior ao período histórico retratado no jogo.
Assassin’s Creed Shadows nos traz algumas mudanças de gameplay envolvendo os personagens e o mundo do qual exploramos. E uma das maiores mudanças em questão ao gameplay, é de que temos dois personagens como protagonistas, porém desta vez, o modo de como jogamos com os dois é diferente.
O gameplay da Naoe retrata exatamente o que os assassinos eram anteriormente, retratando também o que um ninja consegue fazer: silencioso, rápido e letal. As suas armas são uma Katana, uma Tantô, que é uma pequena espada, e Kusarigama, da qual é uma foice presa a uma corrente com peso na outra, além de claro, arremessáveis como Kunais, Shurikens e bombas de fumaça. E como dito anteriormente, seu combate é bem rápido e fluído, conseguindo se esquivar facilmente, mas o dano proferido pela mesma quando comparada ao seu amigo samurai é menor. Naoe consegue também subir rapidamente construções utilizando uma corda que a mesma joga no telhado de edifícios, facilitando assim a escalada. Além dos citados, o Parkour da Naoe está um pouco mais limitado quando comparado a outros títulos da série, como não tem a capacidade de realizar um impulso saltando para cima, ou realizar um salto para alguma plataforma que esteja atrás da mesma. O que acaba que, se errar um salto com a mesma, o jogador acaba tendo que reiniciar a seção de Parkour.
E para o samurai, Yasuke, a gameplay já é o oposto da nossa protagonista ninja. Yasuke está mais para um brutamontes, um tanque que anda e esmaga tudo a sua frente. Seu arsenal consiste de armas grandes e pesadas, como a Katana Longa, Kanabo, um porrete, e Naginata, uma espada longa com haste, além de armas de longo alcance, como Arcos e Arcabuz, que é a arma de fogo. Todas as suas armas de corpo-a-corpo são armas pesadas, e algumas delas diminuem e muito a sua agilidade nos combates, em contrapartida o mesmo consegue deferir uma quantidade enorme de dano em seus inimigos. Diferente de Naoe, Yasuke não consegue realizar Parkour, realizar saltos enormes ou escalar edifícios, pois devido a sua estatura e seu peso, ele torna-se incapaz de ter essa mesma agilidade da sua amiga, tal como também não consegue se esconder facilmente de inimigos em momentos de furtividade.
A transição entre ambos pode ser feita diretamente do inventário, realizando uma viagem rápida para um esconderijo ou diretamente para a base. Porém, há missões que necessita que você esteja realmente com um personagem específico, forçando você a acessar o menu e fazer a troca ao invés de interagir diretamente com o NPC e o próprio jogo realiza tal troca, como era em Assassin’s Creed Syndicate. Fora isto, em outros momentos do jogo, temos a opção de escolher com quem jogar, para completar certos objetivos em missões no decorrer da história.
Uma mecânica que foi apresentada na série pela primeira vez em Assassin’s Creed III, que foi implementada em Shadows, mas em um grau muito maior: as estações do ano. Neste título, cada estação consegue interferir no gameplay, onde por exemplo, no Inverno, os pequenos lagos ficam congelados, caso passe por cima, vai acabar escorrendo, e os locais com neve dificultam a locomoção a pé. Na Primavera, os locais aparecem com menos neve, e as árvores começam a apresentar folhas nascendo em seus galhos e em seus campos floridos, sendo que tais campos podem acabar sendo um local para se esconder dos guardas, ou até mesmo para ataques oportunos.
Os ambientes apresentados no jogo são repletos de vegetação bem densa e bem distribuída, deixando o jogo com uma paisagem muito mais bela quando comparada a outros títulos da série, além de fornecer uma imersão maior ao Japão Feudal que o mesmo apresenta aos jogadores. E com isto, conseguimos ter áreas de plantações ao redor de grandes cidades, tendo uma ideia de como era a vida no século XVI.
Uma das grandes mudanças em relação ao clássico ponto de sincronização, é de que ele não revela mais uma área ao redor do mesmo, mas agora o jogador tem que focar para destacar pontos de interesse na tela, e assim mostrar os mesmos pontos que foram destacados ao abrir o mapa. E desta vez, diferente dos últimos jogos da trilogia RPG, não temos águia alguma para destacar inimigos. Com tal mudança implementada, o jogo acaba fazendo com que o jogador tenha o espírito de aventureiro e descubra segredos e pontos de interesse espalhados pelo mapa, diminuindo um pouco a poluição de ícones, já que ao completar tais objetivos secundários, o ícone some do mapa.
Como dito citado anteriormente, temos acesso a esconderijos, e eles podem estar localizados dentro de cidades ou até mesmo ao redor, facilitando viagens através do mundo do jogo. Tais esconderijos são chamados de Kakurega, e neles podemos pegar contratos (caçar alvos, obter informações) para obter recursos para construções para de nossa base, reabastecer munições ou batedores, ou até mesmo gerenciar os nossos iniciados, melhorando-os.
Aqui em Shadows, temos a capacidade também de montar uma base, assim como tinha em Valhalla, porém aqui é um pouco diferente. No jogo anterior, o local das construções eram previamente definidos, porém aqui podemos escolher qual construção iremos construir em qual lugar, podendo personalizar o telhado, exterior e interior das mesmas, inclusive expondo nossos equipamentos (armas e armaduras) em determinadas construções. Tais construções podem ser feitas com recursos que pegamos ao invadir Fortalezas que estão espalhadas pelo mapa, e elas nos dão benefícios como maior capacidade de cura, melhoria de armas, ou treinar os nossos iniciados em nossa causa, similar ao que tínhamos em Revelations e III, dos quais podíamos chamar reforços para realizar um ataque em um inimigo ou em grupo de inimigos.
E em relação ao mapa de Shadows em comparação a outros jogos, ele não dá a sensação de ser um mapa extremamente grande como tínhamos em Odyssey ou Valhalla, possuindo um tamanho similar ao de Origins. Aparenta também ser bem distribuído com suas cidades, santuários e vilarejos, tornando-o mais vivo e dinâmico.
O mundo de Assassin’s Creed Shadows possui um clima bem dinâmico, sendo possível até mesmo perceber pequenas alterações no tempo quando vai ocorrer uma chuva ou tempestade, por exemplo, com o céu ficando nublado e com nuvens escuras.
Os personagens, tal como os NPCs do jogo, receberam uma melhoria em seus modelos, um exemplo disso é de que quando está chovendo, o cabelo dos NPCs ficam diferentes, não ficando com tantos fios nítidos como é quando está seco, mas com aquele aspecto de que os fios do cabelo se grudam devido a água presente.
Assassin’s Creed Shadows é o primeiro jogo da série a ser lançado só para consoles da atual geração, mostrando realmente como um jogo focado nesta geração pode oferecer em termos visuais. E com isto em mente, a Ubisoft consegue entregar um jogo do qual possui Ray Tracing em todos os modos para os consoles de mesa, porém para o PS5 Pro, a iluminação está ativa em todos os modos em um nível acima, um exemplo disto é que para o Xbox Series X e PS5 possuem o Ray Tracing no modo Qualidade/Equilibrado para iluminação global, e já no Pro ele se estende além da iluminação global, englobando também os reflexos em superfícies, mas mantendo ainda assim, uma performance agradável e dentro do esperado, sem muitas quedas de frames perceptíveis.
Uma das coisas que mais foi possível notar foram bugs de carregamento relacionado a texturas, como em baús, recursos de construção ou paredes com desenhos, das quais ficavam carregadas e no instante seguinte ficavam totalmente borradas, ficando em um ciclo eterno de carrega e borra.
Assassin’s Creed Shadows consegue entregar a tão amada série de Assassinos para a nova geração, apresentando um salto gráfico. Apesar de trazer algumas mudanças e cortes em mecânicas famosas na série, Shadows consegue nos trazer uma experiência sólida, apesar de ainda pecar assim como em outros títulos da série, com a quantidade considerável de conteúdo secundário que pode não ter tanta relevância para a história principal.
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Cópia do Jogo adquirido pelo redator para PS5. Todas as imagens desta análise foram tiradas diretamente de uma captura de vídeo em 1440p de Assassin’s Creed Shadows rodando no PS5 Pro.